quarta-feira, 14 de outubro de 2009

madonna

Tu não me vês. Enxergas uma das mulheres de Murilo, sereia de peitos largos.

Quando jantamos, roubas em mim o teu passado (ícone máximo do brasão de teu país).

Acolhes beatificado meus pedidos futuros, próprias promessas que fizestes aos santos teus - na catedral mesma que te serve, e a uma nação.

Continuo a guardar na segunda gaveta do sagrado continente o par de meias, antes nas mãos. Lá onde mora a estátua da grande mãe.


(autoria de Cibely, colaboração de ZEM

http://www.oarmazemdaalma.blogspot.com)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Change du peau

Eram pra ser botas naqueles vestidos.
Eu estive ali tão vestida naquele que não me cabe mais.
Ainda me botam essas que me servem, que vivem a apertar, dedo a dedo.
Tento meu espelho - ainda o mesmo - quando desnudo os cabides. Agora vazios, dependurados em meus medos. (Esses sós, um a um).

De sol a sol, olho o varal e valho o que vejo. (O que minha vista vestia em ti).
Meias inteiras molhadas, vestes meio úmidas e camisas tuas esturricadas.
Vestidos passados já furados.

Costuro a dedo, prendendo cada linha a cada furo, o passado no amassado.
O ponto presente desse vestido enviezado.
Teço por agora pra esse vermelho, que ao nascer fio, do frio se esquece.