sábado, 30 de janeiro de 2010

Idos vinhos


Aprendo com o acompanhar lento das taças a amontoar.
Essas mesmas que ouvidos hinos os vinhos vieram a soar.

A presença quente surge de repente e depois se faz carne.
Quando olho o olho sinto um cheiro de braço forte.

Enquanto os livros nos olham, saltam palavras de delicadeza.
Eu me esvaio em prosa pela mesa. Em pedaços e inteira.

Filogênese

Sobre os dentes as solidões se emplacam.
Multiplicam as multidões de bocas ocas.
As narinas, por assim terem nascido, têm uma a outra.
Os olhos ouvem, sempre que podem, juntos.
Um pé fincado na incongruência e outro na incerteza.
Bem vindo ao reino.
Humano.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

se houvesse uma profissão seria estivadora da alma.
se houvesse um livro se chamaria inventário de cicatrizes.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tenho certeza de que essa rua era um rio.
De que minha juventude transita rumo ao oceano.
De que minhas costelas grudam na calçada.
De que a inocência é um cavalo manco.
De que o fogo se apaga antes mesmo do vento.
De que a luz ilumina partes do que não se vê.
De que o encontro falseia com astúcia o que se quer minguar.
Mas a certeza de que a lua vem me olhar, me faz viva em qualquer lugar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

RADICAIS LIVRES

escutei tão bem o papai e mamãe diziam que hoje sei exatamente quando mentiam, quando tomo gosto pelo proibido.