terça-feira, 31 de agosto de 2010

a generosidade é prima irmã do amor

o arco-íris quase termina em mim. na sua cidade também é assim?

carpinejar acalenta e alegra a alma. coisa de quem nasce verbo.

humildade é apenas reconhecer que o mundo é o umbigo.

la luna
luando
bem lá

fri lá, fri cá, e assim vai a vida free.

por carolina garrido

sexta-poesia

vejo os Homens como pequenos insetos
é seu mínimo que conduz meu olhar
prefiro
pessoas com piolhos
vermes
nuvens
uma comunidade dentro de um organismo

é o que desinteressa que me agrada

guenta

frequenta-me
e frequenta-me tudo

da cozinha
corte as cebolas
enquanto rego os gerânios
enquanto as famílias se arrebanham

da feira
aperte os tomates
enquanto encaminho as uvas
enquanto se infantam as crianças

do solo
encontre as raízes
enquanto rezo o húmus
enquanto se nutrem os pombos

freqüenta-me o bar
freqüenta-me a mesa

freqüenta-me o reino pulsante de pele

frequenta-me a tempo
a tempo de antes do vento

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

carpir, coser e letrar

lá na segunda-feira morava uma cidade

com barulhos cheios de avenidas
céus azuis cheios de sóis de inverno
nas faixas meninos de gel e terno

doutores que dissecam de(lírios)
mentes a quem nem podem enganar

galerias dentro de livros-poesia
de recheios de palavras a carpinejar

malas de aviões cumbicos
trens a energia lunar

costureiras de coser os dias
para ao fim ter a semana para entregar

lá no sábado a costura termina
quando tem um povo pronto para serhumanizar

não kai

na fórmula de três dois é melhor que seis
somos eu, você e nós, dando nó a três
duas vezes ceis são os nós menos três

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

papi

Pai, tu nunca vais,
por eu deixar-te ir.

Tenho sempre que lembrar-te,
de tanto amor que me sobra para dar.
Amores estes recheados de gestos do teu jeito de olhar.

Tenho sempre que lembrar-te,
da dureza que ensinaste de como as coisas são.
Hoje são as dores que de alguma maneira sei que não me matarão.

Tenho sempre que lembrar-te,
do mundo como tu me apresentaste.
Mundo de céus azuis, sonhos, bicicletas sem rodinha sobre a grama.

Tenho sempre que lembrar-te,
das etapas que tu comigo comemoraste.
Há escondida alguma certeza de que conseguirei, quase sempre.

Tenho sempre que lembrar-te,
cada casa
cada lágrima
cada saudade
cada lembrança
é um jeito de homenagear-te.

Sempre tenho que lembrar-te,
pois todos os dias no espelho
tu apareces refletido em mim.

domingo, 8 de agosto de 2010

poema provisório

Há no mundo domingos ensolarados e azuis
há parques com famílias e crianças
há restaurante e carne à mesa
há bochechas e sorrisos
há pais e há tios

Há no mundo apartamentos com vistas claras
há pôr-do-sol na janela
há jazz na sala de estar
há silêncio a ser ouvido

Há no mundo casas com corpos bem alimentados
há cabelos hidratados
há beijos amorosos
há colos quentes
há uma boa educação
há pro almoço macarrão

Há no mundo kitchinetes no centro
há esquina com botecos
há pivetes engraxates
há dívidas bancárias
há amigos escassos

Há no mundo janelas estreitas
há barulho de carros
há cenário de prédios
há bebida barata
há a mesma comida
há mãe indefinida

Há lugares com corpos que se cruzam
se afagam tão rápido
se doem nas pernas
se cruzam os braços
se abrem os sapatos

Há nesse mundo vai-e-vem
há de onde se vem
há pra onde se vai
há onde existe paz
há quando onde não se há

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

pingado e pão com manteiga
pro almoço uma massa caseira
faz-se em sampa uma terça-feira

há na praça um municipal fechado
sobre os meninos a aurora e o asfalto
sob um mesmo céu acinzentado

nas terras empilham-se os tijolos
e as moças limpam a poeira dos olhos
mas dos pães tiram os miolos

todo dia nasce ela na janela
de feiúra toda bela,
loira

morena
ou toda ruiva como ela