segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pari é bem aqui

pari.

pari comprido, mas tudo muito rápido.
quando ela disse ‘dilatou’
fiz umas forças berrentas
e o rebento, escorregou, melento, lindo
e também berrento.

pari doído, demorou de doer essa dor.
achei que ia me parir ao meio.
achei que ia descolar meu pedaço-você.
e não é que era esse o destino da dor!

pari contraindo em ritmos.
muito claro o silêncio e a cor.
um corpo dividido entre você
e a lua cheia que minguava arrebentaDORa.

pari, pari mais que égua prenha.
mesmo que um passado de bebê cesáreo,
esterilizado, limpo e quieto.
virei bicho de quatro, esgoelado.
encontrei uma fêmea
de seleção natural pelas forças.
mesmo não sendo de ancas largas.

pari, me abri, abri um bocão.
abri bem no meio do corpo
abri o que sempre me pediram pra fechar.
pari pelada e pari peluda.
arreganhei no meio para ele sair.
soltei os nós, os sós, a voz
para o bebê sair gostoso
líquido, vivo
e se abrir também,
lento e amoroso
para essa vida daqui.

puta que pariu!
eu pari mais que todas as putas do mundo
paridas juntas.
pari pelas santas, pelas freiras
arrancando o medo, a vergonha
de mostrar a bunda.