segunda-feira, 26 de julho de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

ano do(ído)

Esse ano foi um ano pra lá de abusado,
se é que eu bem me tenho recordado.

Quase nada comprado,
tudo sempre apertado.
O que se teve foi muito usado,
pagando-se juro pra lá de aumentado.

Tudo o que passou foi suado
foi sofrido
foi chorado
e sorrido.

Todos que passaram foram jurados
amados
surrados
e idos.

Trabalhos bem feitos,
embora mal-pagos.
Tempos preciosos,
ora desperdiçados.

Sobra um safo,
com todos os anos passados,
ao fim do longo ano ido.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

tudo que comove jorra
tudo que entristece seca
tudo que alegra também

tudo que indifere amarga
tudo que enfurece grita
tudo que vive também

tudo que se sonha permanece
tudo que se vai fica
tudo que se morre também

tudo que é nada
é parte da mesma.
coisa essa daqui de mim.

hai kai de quatro (linhas)

gosto do seu gosto
gosto do que gosta
goste ou não
gosto

segunda-feira, 19 de julho de 2010

se eu fosse um nome seria ana
se eu fosse um pronome seria santa
mas hoje sou eu comendo banana

domingo, 18 de julho de 2010

poetas escrevem sobre o poetar

psicanalistas falam sobre psicanalisar

eu me ponho apenas a me exalar
tudo que escrevo
transborda de amor
e seca de dor

as palavras me mantém
no nível no mar
pra que possa o rio continuar

tem domingo de manhã
que elas se põem a jorrar
depois de uma noite de muito sonhar

elas vêem e vem para me normotizar!
tem alguma poesia na ordem do dia
tem alguma valsa a espreitar nosso lar
ainda vivo tudo isso antes de me deitar!
depois da valsa de casimiro de abreu
meus ouvidos nunca mais pararam de musicar.
chacoalho agora as palavras no ritmo que elas quiserem entrar!

blasé

vá, vá quando quiser
fique também, caso queira
se ficar, que seja à vontade

use, use a xícara
dessa casa abuse
se quiser se lambuse

se não souber
faça o que quiser
nem ligue, nem tome, nem ame

se for faça certo
peça licensa, avise-me a tempo
de eu me haver com esse negócio que cresce aqui dentro.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

abrobas

Tem a tranquilidade estranha de um feijão cozinhando,
tendo como certo o destino em ser grão na água que ferve.
O arroz resignado, entregue a toda sorte de ser o que se é.
As abóboras nunca se sabem doces ou salgadas.

A casa continente desse vapor quente, numa manhã um tanto diferente,
pouco entende sobre sua própria gente.
Dessas gentes que chegam para o almoço, mas se vão no jantar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Com você achei que havia apenas aquelas músicas para escutar,
quando para nós não havia mais baile para dançar.
Tínhamos somente uma história de sempre,
depois descrente, não vi mais semente.
O futuro se tornava hoje a cada manhã,
quando se escorria a esperança no amanhã.
Passava um domingo de chuva, um domingo de sol,
até que a semana se esturricasse no varal.
E se secasse a fronha.
E se fosse a mesa.
E se caísse a folha
de uma vida inteira.
Se eu montasse faria um filme
Se eu continuasse escreveria uma história
Se eu ritmasse faria um instrumento
Se eu me indignasse eu politicava
Se eu acreditasse eu pregava

Se eu tivesse outra vida
Escolheria essa própria
Só pra escolher o que sei,
E sei que amarei.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

3 letras

Não me venha com essa cara tão limpa
com essa alegria amarela
com essa camisa singela

Não me olhe assim tão insípido
com essa córnea límpida
com esses dedos vívidos

Não me coma com tantos dentes
com essa tez tão contente
com essa fome premente

Não, aqui dentro não podes ver.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

qual, qual é?

qual o problema em te espiar quando não me vês?

qual o problema em colecionar os seus tiques?
qual o problema em querer o sujo do seu all star?
qual o problema em me emaranhar nos teus filmes?
qual o problema em te esperar na sala de estar?

qual o problema em te desejar flores?
qual o problema em ainda te esconder as dores?
qual o problema em te dedicar todos os meus amores?

sem problemas, é só provar!