quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Vôos

Vou ver a rua.
Ver se tem sol ou chuva.
O quanto de lua.

Vou ver as caras das gentes,
das casas com porta da frente.

Vou ouvir e fingir que ando vazia.
Vou andar e fugir das noites mal caídas.

Vou abrir a porta do meio da rua.
Vou fechar a janela de nuvens nuas.

Vou voar um vôo de lufadas de vento.

Vou de ar seco.

Vou, apesar de não sei o que sou.

Sou e voo.





terça-feira, 25 de agosto de 2015

COMIDA

- Filho olhe as palavras que temos para o jantar.
- É dessas que você tem fome?
- Tua fome se cura com palavra cozida ou frita?
- Toma aqui essa palavra que você nunca experimentou.
- Gostou?

- Se cair no chão filho, a palavra fica suja e não devemos mais comê-la, para não ficarmos boca-suja. Pegamos palavra nova. 

- Também não arranque a palavra dos outros. Era dele filho, para a fome dele.
- Quando quiser palavras aprenda a pegá-las. Se não conhecer o que é pergunte a alguém.

- Dá muito trabalho nutrir e criar palavras filho. Sustentá-las pode valer uma vida inteira.
- Precisamos das palavras para viver filho. São elas que matam nossa fome, nos colocam na mesa frente a frente, todos os dias com elas entre os dentes da gente.