quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

sobre corpos, viveres e a invenção do tempo

No dia em que me casei, casei comigo e contigo.
Dancei todos os sonhos para dentro dos livros comuns.
Engarrafei as vontades que conheço e não conheço junto às uvas suas 
- essas que nunca envelheceram.

Vesti as melhores noites nas roupas desnudas das tuas bundas.
Ouvi os primeiros cabelos brancos enquanto a coberta dormia.
Li alto sem que você escutasse os contos que minha cabeça produzia.

As rugas cravavam nessa terra nosso caminho - agora banido.

O sapato vermelho ainda calça minha sede de viver, 
só que num mundo quadrado e vazio.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

às vezes padeço de desistência. eu mal entendo.
são três da manhã. eu mal me lembro.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ontogênese

Resido num denso invólucro visceral, 
com capacidade de mobilidade espacial, 
perenidade temporal e adaptação funcional.

Um ser bípede, mamífero, 
de gênero feminino, 
corporificado em formas e sensações visíveis e não visíveis. 

Imerso num mundo de símbolos aleatórios e caóticos 
que mediam, mas em nada remediam.

A vida mesmo é medida pela quantidade de arrepios, 
a evolução dos suspiros 
e o alcance dos sonhos.

(Esse versa a versão científica de mim).