quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Change du peau

Eram pra ser botas naqueles vestidos.
Eu estive ali tão vestida naquele que não me cabe mais.
Ainda me botam essas que me servem, que vivem a apertar, dedo a dedo.
Tento meu espelho - ainda o mesmo - quando desnudo os cabides. Agora vazios, dependurados em meus medos. (Esses sós, um a um).

De sol a sol, olho o varal e valho o que vejo. (O que minha vista vestia em ti).
Meias inteiras molhadas, vestes meio úmidas e camisas tuas esturricadas.
Vestidos passados já furados.

Costuro a dedo, prendendo cada linha a cada furo, o passado no amassado.
O ponto presente desse vestido enviezado.
Teço por agora pra esse vermelho, que ao nascer fio, do frio se esquece.