domingo, 22 de novembro de 2009

feno

As unhas, recobertas de um rosa antigo, põem-se a cantarolar sobre o andarilho vestido.
O ar calorento logo atrás se alardeou em cheiros.
O suor doce das mãos revela o casamento alho-cebola e ensopa a carteira.

Dentro do vidro vão-se as barbas, exageros e penhores, vindos de paletó poído.
Sentado sobre a cadeira de cinquenta séculos e dez mil histórias, os dedos repousam a tinta de jornal.
O olhar com fundo de infância solta acompanhou o canário livre de fora sem pestanejar.

O baile do clube - arraigado na tradição do interior de cada um - promoveu naquela noite desencontro eficaz.
O fulgaz pôde ser eternizado na barra da saia (abarrotada de sonhos) apenas por vingança acumulada de gerações passadas.
Entregues aos sortilégios das esquinas, quantos santo antonios ainda terão que enterrar?

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