um dia ainda te guardo no armário
um dia ainda te passo a fita
um dia ainda engarrafo seu cheiro
um dia ainda te enrrosco na pia
um dia ainda te asso no forno
um dia te traço com margarina
um dia, grandissímo bom moço
um dia, você com olhinho de tolo
um dia você ainda me chama no escuro
um dia você me apela na noite
a noite que será todo dia
domingo, 30 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
segunda-poesia
a lua andava pela rua
abdusida pela mansidão da noite escura,
trupicando em estrelas despencadas e
em nuvens moribundas esparramadas.
fumaças entre as curvas da esquina
revelaram (com o passar das horas) à primeira fita -
encarnecida, guardando a noite ainda em seus lilases -
o sol, no auge de ser métrico e círculo
quando então ouro e prata se puseram a caminhar
em forças opostas, sem nunca poderem se encontrar,
mesmo que sempre tentados pela tentação de se arruinarem
pelos seus brilhos adversários.
abdusida pela mansidão da noite escura,
trupicando em estrelas despencadas e
em nuvens moribundas esparramadas.
fumaças entre as curvas da esquina
revelaram (com o passar das horas) à primeira fita -
encarnecida, guardando a noite ainda em seus lilases -
o sol, no auge de ser métrico e círculo
quando então ouro e prata se puseram a caminhar
em forças opostas, sem nunca poderem se encontrar,
mesmo que sempre tentados pela tentação de se arruinarem
pelos seus brilhos adversários.
poesia de terça
com você quero
cama mesa e banho
com você quero
barba cabelo e bigode
com você quero
lavá enxugá e guardá
com você fico
com riso frouxo
perna bamba e
zóio troncho
a alma nua
a boca crua
a carne pura.
nada menos que três,
três beijos
três vidas
três dias sem ver a luz do dia
nós três:
eu
você
e nós, dando nó.
cama mesa e banho
com você quero
barba cabelo e bigode
com você quero
lavá enxugá e guardá
com você fico
com riso frouxo
perna bamba e
zóio troncho
a alma nua
a boca crua
a carne pura.
nada menos que três,
três beijos
três vidas
três dias sem ver a luz do dia
nós três:
eu
você
e nós, dando nó.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
ocupação
queria ocupar-me de um fazer simples,
que me desse a vez de passar o dia,
que me desse a vez de passar o dia,
sentindo brasas mínimas de alegrias
um fazer desresponsável,
que comesse o passar das horas
que comesse o passar das horas
e trouxesse o ordenado na sua hora
remover as rosas mortas dos vasos do tempo
servir beleza aos rapazes dos cafés de paris
remover as rosas mortas dos vasos do tempo
servir beleza aos rapazes dos cafés de paris
recolher as letras para dentro dos livros
soar o sino da catedral erguida sobre o ouro antigo de nossas minas
e assim esquecesse um pouco da minha alma roubada e cotidiana
e assim esquecesse um pouco da minha alma roubada e cotidiana
terça-feira, 11 de maio de 2010
a lógica de ana, analógica
íamos menos ao analista quando escrevíamos cartas uns aos outros, longas cartas.
um manuscristo é um retratar-se sem rascunho.
não raro (se escritas com talento) as cartas
resultaram em belos livros de correspondências e biografias.
deixe a senha do email no testamento então...
quarta-feira, 5 de maio de 2010
lugarejar
sempre estive lá,
mesmo sem saber muito da natureza falar.
sempre estive nas palavras de todas as esquinas,
mesmo às vezes imersa na fumaça da rua.
sempre estive chatamente na hora marcada,
mesmo defasada pelas noites perdidas.
sempre estive envolta dos objetos vivos,
mesmo que encaixotada numa rotina.
sempre estive nessas letras que me escondem,
mesmo morando dentro de você.
estou sempre aqui onde estou, apesar de você.
mesmo sem saber muito da natureza falar.
sempre estive nas palavras de todas as esquinas,
mesmo às vezes imersa na fumaça da rua.
sempre estive chatamente na hora marcada,
mesmo defasada pelas noites perdidas.
sempre estive envolta dos objetos vivos,
mesmo que encaixotada numa rotina.
sempre estive nessas letras que me escondem,
mesmo morando dentro de você.
estou sempre aqui onde estou, apesar de você.
domingo, 2 de maio de 2010
cor da tarde
A luz é amarela por simplemente anuciar-se só nesta tarde festeira.
Há o sino que assassina o silêncio e transforma os fluidos em cores suaves.
O livro aberto fala lá para dentro sobre os subúrbios embaixo de nós mesmos.
Por ser só, já matei minha fome de gente e permito que a noite escorra pelo poente.
Há o sino que assassina o silêncio e transforma os fluidos em cores suaves.
O livro aberto fala lá para dentro sobre os subúrbios embaixo de nós mesmos.
Por ser só, já matei minha fome de gente e permito que a noite escorra pelo poente.
Primeiro de maio
Abril foi um mês que ninguém viu - fechou as aspas.
Houve mentira em primeiro de abriu e quem não viu mentiu.
Houve mentira em primeiro de abriu e quem não viu mentiu.
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