terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Porra, Humaniza essa Desgraça!

banda de garagem
filosofia de boteco
psicologia barata
poesia de quinta
meia foda

sou P.H.D. na porra toda.


sábado, 25 de dezembro de 2010

herança

talvez eu quisesse 
que vc me amasse
talvez eu quisesse 
que vc me queresse

talvez eu representasse 
apenas uma ancestralidade
de mulheres que queressem
que eu te quisesse

talvez eu parecesse
ao teu lado
apenas uma mulher
que alguém queresse

talvez eu não me importasse
sobre quem queresse
a mesma coisa
que eu quisesse 

talvez elas apenas quisessem
que alguém 
nesse mundo
se queresse

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

amor de pelô

eu pensava
que de tão escravizada
sinhô me escolheria
pra sua preta

eu nem pensava
que eram tão brancas
as tetas pretas

eu nem pensava
que no pelourinho
o tempo precisava
de tantos séculos
pra passar

eu pensava
que mais branca
era a carta
que enegreceria
minha alforria
ansio pelas lambidas
que já lamberam
meus pensamentos.
tão melados.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

bebo, logo danço

bebo logo logo
bebo logo um lago
logo alago,
e alago bela

farinha de milho

uma casa deve ter
cheiro de bolo de forno

toda casa deve ter
feijão com louro no fogo
barulho de panela de pressão

a casa deve ter
aipim com manteiga à mesa
geléia framboesa

na sala deve haver vídeo game
no rádio deve tocar aquela do rei

deve ter vaso de manjericão
no quintal cocô do cão

deve ter a mim
precisa ter você

assim,
mesmo que não porte porta,
a gente pisa um chão

H2O

teu exagero,
gozo transpirado,
inunda todos os tacos
poros 
ladrilhos

após tal hecatombe 
hídrica
meu gozo escoa,
hidráulico,
ralo abaixo

- suspensa a visita do encanador -
há mulheres que respiram
uma meninice
bem no contorno dos lábios
uma sedução pueril

ainda que todos os filhos se escondam
nos pneus abdominais
nos seios fartos

os grisalhos fadam cansaços
de cuidados acumulados de muitas vidas
os olhos ora brilham lustrosos
ora brilham opacos

nas sacolas os ônibus todos
as patroas e os ladrões
de sonhos

no lábio, em seu contorno
na junção do nariz com a boca
ainda sensorialidade
de menina

peço licença ao passar por elas
com o maior respeito
pois tem que ser muito homem
para ter tanto peito

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

cheios e receios

ainda bem
anda bem cheio 
esse peito
 
depois de suas notas
notas surdas
salvas nas mudezas
de meu peito

peito meu
cheio e quieto
ganha cor e recheio
em palavras, revólveres e letreiros

e não há nada mais mundano
peito duro
bunda em cima.
ainda trepo sem precisar de escuro

(lerei só daqui uns trinta ânus)

vamos ver teu pau
o quanto dura

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

conto sem fada

nossa história
é uma anti-história de amor

tem princesas velhas
príncipes mancos
e cavalos nos barrancos

o aluguel do castelo vencido
os ratos fugidos dos porões

os amores antigos -
fantasmas

os fantasmas -
restos dos vivos

no reino tão do avesso
criado por nossas monarquias
o amor começa
quando tudo entre nós
já se acabou

mas um amor
que preenche
alguns cômodos
e acomoda
incômodos



domingo, 5 de dezembro de 2010

pelos pelos da perna

a lâmina nova
devora os velhos pelos
da canela, agora lisa

a única coisa que sei sobre você
é que gosta assim
(mesmo no inverno)

mas faço isso
para que não haja na conversa
uma só farpa de pelo

a escova de dentes,
agora solitária,
me pergunta para onde você foi

aproveita,
conta para ela

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

sorvete

gosto de gostar

de um gosto em que pensar
um gesto de lembrar
um cheiro pra devanear

gosto mesmo
de ter alguém
em quem pensar
alguém pra onde voltar

gosto de construir
por pedaço
esse troço

gosto de gostar
de um gosto
familiar

gosto de pensar
o quanto gosto
quando partes
ou quando ficas

bibir la bida

a piscina coberta do clube
faz uma pausa de parar o tempo
uma fenda
numa tarde quente

esportivos pouco velozes
dançavam nas suas águas
artificiais e limpas

a felicidade de som grave
apertava play no nat king cole

toucas, velhas e sungas
sorriam

era como se uma tela se abrisse
com um filme sueco qualquer

mas não

era a vida
acontecendo

sob meus olhos
sobre os meus narizes

o coração se enche de algum estranho
sei lá o quê

vivo