Abriu meu baú e em meus sonhos remexeu
Engarrafou minha solidão e escondeu no mar do seu coração
Vestiu meu jeans azul, como se não fosse meu
Experimentou meu destempero que tem cor de açafrão
Dei-lhe minha cama e meu cheiro
Compreendi sua fama em seu beijo
Emprestei minha escova e tempero
Usei sua camisa em dias inteiros
Cozinhei seus grãos
Abri seus potinhos
Sambou em meus vãos
Desatinou meus caminhos
domingo, 29 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
quarta-feira, 4 de março de 2009
woman
minhas sardas e rugas
minhas saias sem nesga
minha brancura com olheiras
você vem e me toma pelo que pareço
meus tons vivos
meus sons graves
meus dons inexplicáveis
você me retoma quando anoiteço
meu doce café
meu bom tempero
meu extraordiário pé
você me adora quando te teço
estou tua,
sempre que pela manhã caminho nua
na nossa imaginada e exclusiva rua.
minhas saias sem nesga
minha brancura com olheiras
você vem e me toma pelo que pareço
meus tons vivos
meus sons graves
meus dons inexplicáveis
você me retoma quando anoiteço
meu doce café
meu bom tempero
meu extraordiário pé
você me adora quando te teço
estou tua,
sempre que pela manhã caminho nua
na nossa imaginada e exclusiva rua.
tela
Explodiu o vazio em imagem, mas o balde continuou cheio.
Desta minúscula partícula celular particular não livra-te tão fácil.
Lutando na eco cincundante para sobreviver,
ao menos até o dia de partir, cujo tempo é pura incógnita.
Tempo de ter o que não há de se fazer,
nesta existência tão ausente de cores.
Escolheu hoje o preto, branco e vermelho.
Com palavras opacas, borradas, manchadas e difíceis de ler.
Era tinta vermelha, aquela que trouxe sangue à monotonia;
cinzenta, preta, e borrão de branco sobre o branco deste destino papel.
Mostrou hoje a pequena tela do que se resume a vida.
Em ondas que descendem ao nada e ascendem da linha da cor mais sem cor.
Não voltei do mar, que em olhar tornou líquida a dor.
Testemunhou a própria cor em palavrório e pincelada,
assim esbravejou a própria dor.
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