Na manhã que se seguiu, vejo folhagens desconhecidas naquela floreira nunca cuidada.
Deixada com sua terra desprezada, dada como morta, incerta, infértil.
Quando alguém noticia que eram folhas, não quaisquer uma, mas de girassol.
No verde central, concentrado de folhas menores, surgem as primeiras colorações amarelas, ainda misturadas às verdes, tímidas, desarranjadas.
Já então vibro com a comprovação do nascimento da flor que segue o sol, aparecida assim sem pai nem mãe, solitária e urbana;
em local tão insólito, concreto; tão floreira de edifício, planejada por alguém de beleza quadrada.
Exibo para outras pessoas, como presente do acaso, do caos, do cosmos, que me mostra, nada mais que ser enorme e flor, seguir a luz e calor à minha janela.
Rego como um ritual diário, que alimenta a ela e a mim, de vida, viço e esperança, de surpresa boa, como remédio cotidiano contra a inércia e o abandono.
Tomo como concretização, como recado, aprendizado, dose de belo amarelo-alaranjado, com folhas-molduras desgrenhadas, humildemente desajeitadas em verde fosco.
Sinto-me o grilo que mora ao lado, alimentando-me dos organismos vivos da interação flor-sol-terra; e só assim poder falar cri-cri-cri.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Homenagem
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2 comentários:
li, li, reli ...
lindo, lindo, lindo ...
queria e quero ser o girassol da tua janela ...
primeiro porque te admiro, adoro ser tua amiga ...
quem sabe um dia eu possa, aprender com você a ser uma mulher tão bela!
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