domingo, 20 de fevereiro de 2011

meu escritório é na rua
o meio-fio onde sento
a mesa é calçada

trabalho de
observar passantes

meus clientes
em pé
nas filas dos cafés
comendo seus filés

amigos de metro
em silêncio
olham as janelas negras
sem paisagem

conversas de banco
rasteiras
barulham
o calor de fevereiro

carros engarrafados
desesperam
os que esperam
sob meu olhar

trocam os clientes
da noite e do dia
pelos cinemas
pelas igrejas

fingem encontros

eventual -
a poesia de um olhar
uma flor desabrochar
um beijo adolescente
um riso incoerente

se remunera
um trabalho
uma alma
se desonera

Nenhum comentário: