meu escritório é na rua
o meio-fio onde sento
a mesa é calçada
trabalho de
observar passantes
meus clientes
em pé
nas filas dos cafés
comendo seus filés
amigos de metro
em silêncio
olham as janelas negras
sem paisagem
conversas de banco
rasteiras
barulham
o calor de fevereiro
carros engarrafados
desesperam
os que esperam
sob meu olhar
trocam os clientes
da noite e do dia
pelos cinemas
pelas igrejas
fingem encontros
eventual -
a poesia de um olhar
uma flor desabrochar
um beijo adolescente
um riso incoerente
se remunera
um trabalho
uma alma
se desonera
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