segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Há porções de teu cheiro ainda em cima da pia.
Conservo como está.

Ainda há café da tua boca na mesa da cozinha.
Misturo com farinha.

O teu cabelo ainda há no meu devaneio.
Enxáguo por inteiro.

Há solidão ainda em tua companhia.
Desisto do dia.

Há uma casa sempre precária, ainda que presa em teus dentes.
Feita de tijolos permanentes.

Agora,
ainda agora, já não há mais.

Te london, love

Nem imaginava o quanto te inundaríamos, com nossos vícios e ofícios. Ocupando todos os orifícios, mesmo aqueles que sequer tinha visto.

Teu tecido azul ou cinza, esse mesmo que cobre um rio, determina meu sorriso (iluminado), sempre com algo a sonhar.

A fenda no tempo apressado se abre numa sexta-feira quando se levanta em cima dos meus olhos a ponte móvel. Ela te jorra sobre os turistas estupefados e os meninos loiros engravatados.

As veias suas de tuas ruas continuam ininterruptamente me levando a algum lugar. Quando me deparo com o mais sagrado do teu altar.

As vidas transcorrem cegas pelos corrimões, de subidas que descem escada abaixo, até para debaixo do solo. As rainhas se desencontram nesta estação.

Seus trilhos e luzes me abusam de tanto que me olham, zelam e levam.

RADICAIS LIVRES

Num sei o que tu viu naquela nega....que sobra ni mim aqui na região das ancas e da bunda. Tonto!

RADICAIS LIVRES

O trabalho existe primeiro para acreditarmos que existe o tempo. Depois para encontrarmos razão em alguma coisa. O amor entre nós existe para acharmos que existe algum motivo que nos faça trabalhar. Mas a galinha veio antes de tudo isso.

RADICAIS LIVRES

Não estou aproveitando sua companhia, estou combatendo minha solidão.
Parece agressivo? É o mais intenso do meu amor, uma proteção que te vacina contra o pior.

RADICAIS LIVRES

A fama serve para mostrarmos a bunda em plena forma no jornal do metrô e trazer dinheiro para que compremos a mais confortável das cadeiras para descansá-la. E não há nada mais útil.

RADICAIS LIVRES

Mais do que um marcador nasce uma coluna onde, vértebra por vértebra, liberto toda a radicalidade que deve ou não ser levada a sério.
Pensamentos contra o envelhecimento mental, caso sua cabeça pense sempre do mesmo jeito, fazendo as mesmas sinapses.
Profilaxia contra o alemão, ele mesmo, o Alzheimer.
Se não cair bem tome um anti-ácido, ou bote pra fora o que incomodar.

sábado, 26 de dezembro de 2009

não penso.

a distância me desmonta a memória.

o novo me gruda com a cola velha.

prefiro não pensar sobre o que tô pensando....

procurei groselha (vitaminada) milani e não tinha

pra remediá quaqué negócio (de barriga d'água a parafuso sorto) os dois S's de ouro: samba e cerveja

depois do almoço, antes do resto....que nem sei pra onde me leva. sei que me encanta.

às vezes acho que estou num filme de almodóvar...com direito a todas as tintas.

certamente vim ao mundo antes mesmo de eu nascer

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A alegria do mundo talvez more na luzinha roxa que apaga e acende.
A alegria sem fundo fica na esquina para aquela rua larga cheia de flores.

A alegria corada se estampa no rosto que encena eros em pleno domingo.
A alegria cortada experimentou o sabor novo do sorvete de graviola.

A alegria é um pisca-pisca.
Quando penso aceso, já está apagado.

Samba tarde

Madrugada entrou piscina adentro de trampolim.
Do jeito mesmo que você acordou a criança que mora em mim,
fazendo cócegas nos anões do meu jardim.

Se perco a chave vou pra Paris

Tive que mentir pra mim durante sua ausência.
Rumino a lembrança de você dentro do meu braço,
Quando de manhã eu não queria dar nenhum passo.

Se ando descalço vou pra Berlin

Pela minha janela chegou o sol novo de um verão conhecido,
para eu em vão aproveitar o quente dos seus dentes.
Mordi macio o tempo que durou tão rapidamente.

O ônibus agora me leva para o centro vazio, na cidade que se perdeu de você.

Li

A palavra que conheci termina em você.

Tu sempre estava ali no fim da brochura,
no plim do meu telefone,
na aba do fim do livro.

Se te perdia no asfalto, escrevia assim,
sem direito a resposta,
gritando no vácuo entre a chama e a vela.

Até que me pego insone, bem no meio do fim.
No fim do ano que nasce antes mesmo que acabe a dor,
a própria que já sei de cór.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

reguei de preguiça esta manhã colorida, farta de espera.

quando vejo então a flor parida de negro em dor,

sem espinhar o dedo, nem em sonho (depois do pote de mel).

Não esqueço o azul da colcha do hotel.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

câmara de ar

agora, recomposto meu bom castigo, conhecido como carcaça de cólera
escorre o rio da esperança (mais caldaloso do que no sonho seu)

sem alfinetar nada nem ninguém me deixo estar
às vezes com pedras a me estranhar

miolos sobre a luz, olhos na face, desconfio
para que o bom me olhe de frente sem minha roupa queimar