quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Proletariando

engoli proletário. por indigestão regorgitei empresário
que por infortúnio paga meu salário
diz que tem família, mas foste um belo salafrário

vivo pensando quem disse que o mundo deve ser assim
nasci e acreditei o que enfiaram pra mim
que nobre é o idiota que trabalha sem fim

o salário mal dá pra coisa toda do mês
diversão quase não tem vez
a mulher e mamãe não entendem minha insensatez
já compraram a idéia da novela que pra ser feliz nasça burguês
o seu joaquim do boteco não faz fiado nem pro freguês

estou disposto a não mais agüentar a sofreguidão
não pode ser que Deus me pôs na vida pra esse papelão
de aguentar os caprichos do patrão
e ainda assinar a carta de demissão olhando pra cara daquele bundão
'xá comigo que vamos descolar logo o tostão

quero ter a vida descomprometida de coisa sem valor
porque não ter mais dignidade no labor?
quem foi que disse que tenho que aguentar tanta dor
agora a palhaçada tem até nome: colaborador, colabora com a dor

assino logo essa carta, que pra mim é de alforria
vou então fazer meu dia
sem medo da correria
quem sabe até com a euforia
de também ser patrão um dia

num é que Marx tava certo
a prole proletária quer mesmo virar algoz
será que quando a luta de classes acabar o mundo vai ter fim?

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