gesto torpe
de quem procura nada
e nada nada no oceano do tudo
de tudo tanto que te cansa
criança corre de tanto que esgana
esmorece
ressaca
afasta o exagero do tempo do antes
exaustão com rebordoza e queijo
rio vazio
riso tamanho que dá mar
mar de milágrimas
nem o milagre salva
por isso em coro choro
domingo, 31 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
mais um diálogo com e por Leandra Niciolli
Parem essa porra de planeta...
Tá difícil respirar... Difícil não chorar...
É bom demais saber que há pelo menos alguém que sabe usar as palavras neste mundo de hipócritas...
Admiro sua coragem de expor tanta sensibilidade.Seja bem-vinda ao submundo da arte de escrever e, principalmente, de compreeender a amplitude das coisas mais ínfimas.
E dói... como dói...
Cibely diz: amém!
Tá difícil respirar... Difícil não chorar...
É bom demais saber que há pelo menos alguém que sabe usar as palavras neste mundo de hipócritas...
Admiro sua coragem de expor tanta sensibilidade.Seja bem-vinda ao submundo da arte de escrever e, principalmente, de compreeender a amplitude das coisas mais ínfimas.
E dói... como dói...
Cibely diz: amém!
reivindica cão
a vida do cão
ensina a falar um belo palavrão
manda um puta que pariuzão
depois de te tornares esse beberrão!
ensina a falar um belo palavrão
manda um puta que pariuzão
depois de te tornares esse beberrão!
PETIT MORT ET VIE
Na cidade encontrei corpos flutuantes
de olhos vazados e corpos desabitados
Enquanto meu peito flamejante
de corpo desejante e pulsante
A disciplina do desejo
põe o pensamento em movimento
enquanto o fora exige o nada
todos com cara de empilhamento
Assim desejo o tempo todo
quando fome, como
quando tesão, fodo
quando triste, engodo
quando alegre, estorvo
Os conhecidos sumidos
Os amigos ocupados
O calor necessitado
Vira coisa adormecida, que revira na cama
Nunca esquecida
Flor de tulipa, caule rijo, pétala entreaberta
Convida o irremediável instante de encontro
banhado de suor e palavras interrompidas
mecânica poética e frenética do gozo
A vida volta a ser cidade
Felizcidade leve e habitada
de olhos vazados e corpos desabitados
Enquanto meu peito flamejante
de corpo desejante e pulsante
A disciplina do desejo
põe o pensamento em movimento
enquanto o fora exige o nada
todos com cara de empilhamento
Assim desejo o tempo todo
quando fome, como
quando tesão, fodo
quando triste, engodo
quando alegre, estorvo
Os conhecidos sumidos
Os amigos ocupados
O calor necessitado
Vira coisa adormecida, que revira na cama
Nunca esquecida
Flor de tulipa, caule rijo, pétala entreaberta
Convida o irremediável instante de encontro
banhado de suor e palavras interrompidas
mecânica poética e frenética do gozo
A vida volta a ser cidade
Felizcidade leve e habitada
resumo anti-poético:
Tava andando na porra da cidade morrendo de fome
Um qualquer me deu um puta prato de macarrão
Entrei, comi, me lambuzei todinha, tava uma delícia
Saí mais gostoso do que entrei
A cidade menos porra
Tinha um vaso de tulipas
antropostalgia poética
Me lembrei de cheiros, vidas, rostos e sons do passado
Quando a leveza embriagava
- nos embriagávamos uns dos outros e das coisas
Vida secreta mas à mostra
Me espantei ao ver o tempo passar
Estampas, santas e profanas megeras
povoavam as tardes vazias
cheias de beleza inusitada
Encontros entorpecentes,
compromissos ausentes
Revelo meu segredo
Me coloquei naquele lugar para lembrar quem sou
Saber se quero as mesmas velhas coisas
Não sei mais ter ídolos
A beleza quando sentida na carne
não torna mais possível ser eu mesma
Impera que haja a transformação
Meu hoje é fazer legenda de minhas palavras palavras
Se sonoras, poesia
Se superfície, vazias
Se tocam, humildes
Se saltam, nasci
Quando a leveza embriagava
- nos embriagávamos uns dos outros e das coisas
Vida secreta mas à mostra
Me espantei ao ver o tempo passar
Estampas, santas e profanas megeras
povoavam as tardes vazias
cheias de beleza inusitada
Encontros entorpecentes,
compromissos ausentes
Revelo meu segredo
Me coloquei naquele lugar para lembrar quem sou
Saber se quero as mesmas velhas coisas
Não sei mais ter ídolos
A beleza quando sentida na carne
não torna mais possível ser eu mesma
Impera que haja a transformação
Meu hoje é fazer legenda de minhas palavras palavras
Se sonoras, poesia
Se superfície, vazias
Se tocam, humildes
Se saltam, nasci
domingo, 24 de agosto de 2008
Eternizo o silêncio das manhãs
o café preto com geléia
a organização das idéias
a tua inscrição no meu coração
O sol que entra fraco pela janela
a lembrança da noite anterior
o livro que me conduz a cantos distantes
meu corpo desfalecido pela cadeira
O lençol ainda quente
a respiração que renova
o pássaro canta
a cena está pronta
congelo-me de prazer
o café preto com geléia
a organização das idéias
a tua inscrição no meu coração
O sol que entra fraco pela janela
a lembrança da noite anterior
o livro que me conduz a cantos distantes
meu corpo desfalecido pela cadeira
O lençol ainda quente
a respiração que renova
o pássaro canta
a cena está pronta
congelo-me de prazer
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
zoo
a fúria bestializante me torna um animal
bicho preguiça que ora em mim acorda
leão de guarda vem guardar os seus
urso raivoso melado toma conta
só me resta uivar
uuuuuuuuuuuuuuuu!
tenho pai e mãe foca
bicho preguiça que ora em mim acorda
leão de guarda vem guardar os seus
urso raivoso melado toma conta
só me resta uivar
uuuuuuuuuuuuuuuu!
tenho pai e mãe foca
meu destino biológico desponta
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
busines
O telefone tá ocupado
pra eu perguntar a pergunta que não quero saber a resposta
porque acho que sobre algumas coisas melhor ficar na dúvida
A máquina também tá ocupada
não posso preencher os espaços de caracteres
com aquilo que não quero ver
O espelho tá quebrado
pra eu encontrar com o homem
que tá todo dia em mim e olha pra mim e diz
O ônibus tá quebrado
que me leva pra lá e pra cá
tô parado, estagnado, no mesmo lugar
Tô com pressa, apesar de ocupado e um tanto avariado
corre filho da puta!
domingo, 17 de agosto de 2008
Vice-verso, vide-verso
a noite me acorda ou me segura
em meio a estímulos pouco atraentes e atrapalhamentos de ordem física
sobre a capacidade de amar, a fissura, a falta, o trabalho, minha imagem
fico presa, em espiral, de dentro pra fora de fora pra dentro
tenho sonhos de lembranças com desejos
às vezes pesadelo, às vezes presença
a idéia no futuro não me deixa dormir
e a do passado não me deixa acordar
a obsessão angustia
e a impossibilidade de tê-la é enfadonho
o dia-noite, claro-escuro
faz da vida clarão na escuridão e vice-versa
o cinza é a mistura do preto com branco
reivindicação: deixei espaços, entrelinhas, que não foram respitadas na edição, coloque-as onde achar melhor.
Oração
Dos livros
alguns lidos pela metade
Das poesias
escritas quando inspiradas
Dos amores
eternos enquanto duraram
Dos prazeres
alguns sentidos na carne
Da rotina
às vezes tornada doce
Da cidade
puro deleite poluído
Das alegrias
com intensidades mil
Das dores
inevitavelmente não evitadas
Da vida de menina
sempre garantida a morada
Da bebida
sempre o trago necessário
Do desejo
alguns deles reprimidos
Da terapia
nem tudo foi curado
Dos amigos
o dar e receber aprendidos
Dos risos e gargalhadas
muito bem dados
Do inglês e do francês
frustradamente arranhados
Das músicas
hermetismos de miles
Do dinheiro
algum tostão às vezes sobrado
Do trânsito
horas dispensadas
Da diversão
as melhores sempre inusitadas
Das comidas e sabores
pecado da gula cometido
Do cinema e da arte
pão e circo de necessidade primeira (alimento d'alma)
De almodóvar e kubrick
desesperadamente assistidos
Da saudade
às vezes arrebatadora
Da família
apoio um tanto impreciso
Dos estudos e teorias
poucas explicações
Das angústias
pelo fato de se ser só
Da morte
já mandei esperar
Da vida
sobre ser vivente, sobrevivente
De Deus
deixei logo de acreditar
Amém!
alguns lidos pela metade
Das poesias
escritas quando inspiradas
Dos amores
eternos enquanto duraram
Dos prazeres
alguns sentidos na carne
Da rotina
às vezes tornada doce
Da cidade
puro deleite poluído
Das alegrias
com intensidades mil
Das dores
inevitavelmente não evitadas
Da vida de menina
sempre garantida a morada
Da bebida
sempre o trago necessário
Do desejo
alguns deles reprimidos
Da terapia
nem tudo foi curado
Dos amigos
o dar e receber aprendidos
Dos risos e gargalhadas
muito bem dados
Do inglês e do francês
frustradamente arranhados
Das músicas
hermetismos de miles
Do dinheiro
algum tostão às vezes sobrado
Do trânsito
horas dispensadas
Da diversão
as melhores sempre inusitadas
Das comidas e sabores
pecado da gula cometido
Do cinema e da arte
pão e circo de necessidade primeira (alimento d'alma)
De almodóvar e kubrick
desesperadamente assistidos
Da saudade
às vezes arrebatadora
Da família
apoio um tanto impreciso
Dos estudos e teorias
poucas explicações
Das angústias
pelo fato de se ser só
Da morte
já mandei esperar
Da vida
sobre ser vivente, sobrevivente
De Deus
deixei logo de acreditar
Amém!
Tô sem tempo para o cinema.
Tô sem tempo para o teatro.
A vida passa muito rápido e o tempo carrega tudo...
Tá tudo carregado, pesado, doído...
Quando penso em fazer alg... viu?
Já veio o tempo e levou tudo... de novo.
Pelo menos ainda tenho:Clarah Averbuck & Ci dançante... heroínas do dia-a-dia.
E assim, a vida volta a ser um real e breve deleite!!!
por Leandra Niciolli
Cibely diz: trata-se de ter amigos....de ter amor....tá aí Lê!
Tô sem tempo para o teatro.
A vida passa muito rápido e o tempo carrega tudo...
Tá tudo carregado, pesado, doído...
Quando penso em fazer alg... viu?
Já veio o tempo e levou tudo... de novo.
Pelo menos ainda tenho:Clarah Averbuck & Ci dançante... heroínas do dia-a-dia.
E assim, a vida volta a ser um real e breve deleite!!!
por Leandra Niciolli
Cibely diz: trata-se de ter amigos....de ter amor....tá aí Lê!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
REIVINDICAÇÃO
ESSE BLOG NÃO TEM RESPEITADO CONFIGURAÇÕES DA MINHA ESCRITA, A LOCALIZAÇÃO QUE EU QUERO DAS PALAVRAS, LETRAS, IMAGENS E DESENHOS QUE FORMO NA CABEÇA E SENSAÇÃO. QUERO LEMBRAR ISSO A MIM MESMA. O MUNDO VIRTUAL É ASSIM, ASSIM COMO O REAL....
NÃO PULA OS ESPAÇOS QUE QUERO MUITAS VEZES
NÃO DEIXA OS VAZIOS QUE PRETENDO
SE UM DIA EU ENCONTRAR O DONO DESSE NEGÓCIO.....
NÃO PULA OS ESPAÇOS QUE QUERO MUITAS VEZES
NÃO DEIXA OS VAZIOS QUE PRETENDO
SE UM DIA EU ENCONTRAR O DONO DESSE NEGÓCIO.....
RUA
tenho amor que corre
escorre
é líquido e colore
a vida que não é mais minha
é da cidade dividida e indiscriminada
que arrancou-me a morada
coisa incerta é o contorno
que é certo e vazio
tentativa de encontro
há pessoas e pessoas
o trem é rápido na estação
corre e entra, a porta fecha
o cidadão enlouquece
hoje tá frio
terça-feira, 12 de agosto de 2008
INTELIGÊNCIA
Deverá ela existir, já que não existe a real razão?
Só entendo que amo, que é enorme, maior que tudo.
MEU PEITO SE EMBARAÇA, DEPOIS, SE DISSOLVE...
Este é o momento que te encontro,
então, talvez um líquido percorresse-me.
Um líquido entorpecedor.
É totalmente sentido, mas sem sentido.
Portanto, o que faço é apenas deixar-me descer por essas águas,
e que as cristalinas águas levem-me no agora, no rio e no sempre.
Parta de onde quiseres partir, do concreto ou do abstrato
e o que for sentido será sempre o mesmo: maravilhosamente sem sentido ++++++++++++++++
A vivência (ou será existência, ou será latência) ultrapassa qualquer longínquo entendimento
(ou será ensinamento, ou será dissernimento).
Nem tente a compreensão do sentido,
tente partir para a compreensão sentida.
que talvez esteja no âmago do sentido.
Mas o que não tem sentido não tem um mero âmago, tem, na sua totalidade indetermindada,
tudo do todo infinito.
ESTE É O TROPEÇO DE MINHA IGNORÂNCIA, QUE CAI PARA TODOS OS LADOS E PENSA.
O EQUILÍBRIO DE MINHA INTELIGÊNCIA NÃO PENSA, AMA.
*escrito aos 18 anos, tomada de amor e de Platão.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
"o homem que diz sou não é" - baden powell
sou vil, vilã
sou egoísta, chauvinista, narcisista
sou trôpega, bêbada, estupefada
sou bastarda, embargada, mas emancipada
sou vagarosa, preguiçosa e viçosa
sou luxúria, metonímia, française
faço estúpida, como face ambígua de ser o que se é como não se fosse
quem liga pra isso?
sorriso na cara, se eu contar alguém suporta?
nem eu
(não conta pra ninguém)
"porque quem é mesmo é não sou"
sou egoísta, chauvinista, narcisista
sou trôpega, bêbada, estupefada
sou bastarda, embargada, mas emancipada
sou vagarosa, preguiçosa e viçosa
sou luxúria, metonímia, française
faço estúpida, como face ambígua de ser o que se é como não se fosse
quem liga pra isso?
sorriso na cara, se eu contar alguém suporta?
nem eu
(não conta pra ninguém)
"porque quem é mesmo é não sou"
hablando
estoy a descobrir sobre essa coisa de brógui
logo de cara já gosto de poder não colocar maiúscula, porque tenho pregui....
gosto de pular linhas e espaço, fica mais gostoso de ler
como meu drummond tá na gaveta, meu leminski era emprestado
guattari e moreno começados, mas estão dando muito trabalho
ando lendo uns alter bloguis por aí
viciada em internet, a família não entende, nem eu
também não entendi se isso aqui é punheta mental
é diário adolescente reeditado (quase escrevo diarréia, o que pode servir tb)
se é póesia a ser levada a sério
a solidão é aplacada pela busca do interlocutor imaginário
em meio a psicorelatórios e psicoperformances
saindo a da fase oral para a animal
'O “bolo” de gente que se formou carregava consigo as escolhas sociométricas do grupo' - bonito
quando essa porra dá pau, na hora de gozar
fico p*, na fissura
estamos à mercê de uns gloogle sem cara da vida
dá pra ser homem, ou mulher
alguém fala alguma coisa agora!
tô meio clarah averbuck
logo de cara já gosto de poder não colocar maiúscula, porque tenho pregui....
gosto de pular linhas e espaço, fica mais gostoso de ler
como meu drummond tá na gaveta, meu leminski era emprestado
guattari e moreno começados, mas estão dando muito trabalho
ando lendo uns alter bloguis por aí
viciada em internet, a família não entende, nem eu
também não entendi se isso aqui é punheta mental
é diário adolescente reeditado (quase escrevo diarréia, o que pode servir tb)
se é póesia a ser levada a sério
a solidão é aplacada pela busca do interlocutor imaginário
em meio a psicorelatórios e psicoperformances
saindo a da fase oral para a animal
'O “bolo” de gente que se formou carregava consigo as escolhas sociométricas do grupo' - bonito
quando essa porra dá pau, na hora de gozar
fico p*, na fissura
estamos à mercê de uns gloogle sem cara da vida
dá pra ser homem, ou mulher
alguém fala alguma coisa agora!
tô meio clarah averbuck
sábado, 9 de agosto de 2008
urbanóide paranóia paranóis
Pensa num planeta, que quer ser mundo
Imagina o mundo que é a Terra
Um país continental, tropical, fenomenal, sem igual
Gente pobre mais que gente rica
Um pedaço de terra que ocupa quase 3% desse país
Onde concentra o $ desse negócio todo
14 milhão de neguinho nesse mesmo espaço, que chamam de território
O lugar só podia ter nome de santo
Tem dias que esses 14 milhão
(Que sou eu, que não ninguém
Que todo mundo que é igual a mim
Que forma um bolo, chamado todo mundo ninguém-alguém)
Os 14 m... querem andar pelas mesmas 20 ruas
(lugar em linha reta ou curva criado pra boiada passar tudo igual, igual água pelo rio, merda pelo cano)
só que o volume de água/ merda/ pessoa não cabe mais, na rua/ rio/ cano
Porque quando o hómi inventou a rua não sabia que teria tanta gente/ água/ cocô
Aí já viu, entope....
Nesse pedaço de superfície do mundo, que era de terra
Terra que é esponja, de água, de chuva
O hómi passou uma coisa que não deixa a água entrar, como na esponja
Deixou uns buraquinhos não suficientes
Quando chove aumenta o entupimento de circulação
Porque quem mora nesse lugar é viciado em circular
Se não for fica sendo
Lembrando que gente/pessoa é diferente de água/ cocô
Que quando olha pra isso tudo de dentro,
(e não do olho de gente que olha o peixe no aquário)
Se espanta, choca, pede socorro, grita
Porque tá parado, entupido, impossibilidado e perdido na massa todo mundo ninguém
Não dá pra ir nem pra lá nem pra cá
mesmo que queira
"não sou ninguém, sou alguém
como cheguei nisso
como pode ser diferente?"
*relato poético (como ainda consigo?) do alter ego paulista que vos fala sobre o trânsito pós-chuva-fim-da-tarde desta semana. entidade já conhecida dos irmãos conterrâneos.
Imagina o mundo que é a Terra
Um país continental, tropical, fenomenal, sem igual
Gente pobre mais que gente rica
Um pedaço de terra que ocupa quase 3% desse país
Onde concentra o $ desse negócio todo
14 milhão de neguinho nesse mesmo espaço, que chamam de território
O lugar só podia ter nome de santo
Tem dias que esses 14 milhão
(Que sou eu, que não ninguém
Que todo mundo que é igual a mim
Que forma um bolo, chamado todo mundo ninguém-alguém)
Os 14 m... querem andar pelas mesmas 20 ruas
(lugar em linha reta ou curva criado pra boiada passar tudo igual, igual água pelo rio, merda pelo cano)
só que o volume de água/ merda/ pessoa não cabe mais, na rua/ rio/ cano
Porque quando o hómi inventou a rua não sabia que teria tanta gente/ água/ cocô
Aí já viu, entope....
Nesse pedaço de superfície do mundo, que era de terra
Terra que é esponja, de água, de chuva
O hómi passou uma coisa que não deixa a água entrar, como na esponja
Deixou uns buraquinhos não suficientes
Quando chove aumenta o entupimento de circulação
Porque quem mora nesse lugar é viciado em circular
Se não for fica sendo
Lembrando que gente/pessoa é diferente de água/ cocô
Que quando olha pra isso tudo de dentro,
(e não do olho de gente que olha o peixe no aquário)
Se espanta, choca, pede socorro, grita
Porque tá parado, entupido, impossibilidado e perdido na massa todo mundo ninguém
Não dá pra ir nem pra lá nem pra cá
mesmo que queira
"não sou ninguém, sou alguém
como cheguei nisso
como pode ser diferente?"
*relato poético (como ainda consigo?) do alter ego paulista que vos fala sobre o trânsito pós-chuva-fim-da-tarde desta semana. entidade já conhecida dos irmãos conterrâneos.
fruta pão
gosto de toque de cheiro
textura do sabor das flores
cor que avista a pele
enche de água a mão
que abre os olhos com gosto
o azedo que chega aos olhos
mostra a ferida do gosto
que apela pro ventre menina
e amarra as pernas na mão
textura do sabor das flores
cor que avista a pele
enche de água a mão
que abre os olhos com gosto
o azedo que chega aos olhos
mostra a ferida do gosto
que apela pro ventre menina
e amarra as pernas na mão
METAMORFINA
meu Drummond tá na caixa
minhas roupas na mala
minha gata dividida
meu sonho em Paris
minha cidade caótica
meu presente diluído
meu passado em meu peito
meu ingresso desfeito
meu dinheiro nas contas
meus amigos no bar
minha família na sala
meu espremedor, cadê?
ando meio Macabea
chegando no Rio
espero acordar Gregor Samsa
pra como inseto ter o que contar
minhas roupas na mala
minha gata dividida
meu sonho em Paris
minha cidade caótica
meu presente diluído
meu passado em meu peito
meu ingresso desfeito
meu dinheiro nas contas
meus amigos no bar
minha família na sala
meu espremedor, cadê?
ando meio Macabea
chegando no Rio
espero acordar Gregor Samsa
pra como inseto ter o que contar
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
mutação
transformador
transforma a dor
transa a forma de dor
transmuta a dor em flor
transfere à dor cor
traz arte à dor com cor
a arte faz bicho-homem transformaDOR
a dor faz bicho-homem performARTE
presente em forma de flor
terça-feira, 5 de agosto de 2008
língua
"ABRE ASPAS
ESCREVO TODO DIA SOBRE OS OUTROS
ESCREVER É SEM SUJEITO
SUJEITO OCULTO, INDETERMINADO
QUE SUBJULGA, IMPERA
INDICA E APONTA O OBJETO
DIRETO OU INDIRETO
ADJUNTA, ADICIONA
DE MODO, DE FORMA
DE COMO QUISER
PODE VER VERBO
DOER, SENTIR, AMAR
EM TRÂNSITO (TRANSITIVO ENTRE PARÊNTESES)
OU INTRANSIGENTE
ONDE TRANSITA GENTE HÁ LINGUA
A LÍNGUA DÁ SENTIDO A VIDA
QUE DÁ SENTIDO A MORTE
...TRÊS PONTINHOS
FECHA ASPAS"
ESCREVO TODO DIA SOBRE OS OUTROS
ESCREVER É SEM SUJEITO
SUJEITO OCULTO, INDETERMINADO
QUE SUBJULGA, IMPERA
INDICA E APONTA O OBJETO
DIRETO OU INDIRETO
ADJUNTA, ADICIONA
DE MODO, DE FORMA
DE COMO QUISER
PODE VER VERBO
DOER, SENTIR, AMAR
EM TRÂNSITO (TRANSITIVO ENTRE PARÊNTESES)
OU INTRANSIGENTE
ONDE TRANSITA GENTE HÁ LINGUA
A LÍNGUA DÁ SENTIDO A VIDA
QUE DÁ SENTIDO A MORTE
...TRÊS PONTINHOS
FECHA ASPAS"
nessa vida de cidade
de corre com calor
pra poesia só sobra tempo
pra vinhetas
entre o trânsito de rotina
e sala de espera do analista
a patela da faxineira
e a viagem repentina
na próxima encadernação
quero nascer em Praga
com frio e a calma do século passado
quem sabe terei tempo
de narrar maravilhosamente
o homem que vira inseto
penso macro
escrevo micro
e ainda acabou a caneta
de corre com calor
pra poesia só sobra tempo
pra vinhetas
entre o trânsito de rotina
e sala de espera do analista
a patela da faxineira
e a viagem repentina
na próxima encadernação
quero nascer em Praga
com frio e a calma do século passado
quem sabe terei tempo
de narrar maravilhosamente
o homem que vira inseto
penso macro
escrevo micro
e ainda acabou a caneta
bege, morno, insosso, tranqüilo, monótono, submisso, subtraído, tom pastel, civilizado, amedrontado, TV, escamoteio, rivotril, chá de cadeira, funcionário, novela
laranja, apimentado, ácido, dedo de moça, wasabi, almodóvar, revoltado, anarquia, liberdade, verdade, escancarado, verde limão, birita, luz, artista
nasce desse encontro
beleza que se põe à mesa
laranja, apimentado, ácido, dedo de moça, wasabi, almodóvar, revoltado, anarquia, liberdade, verdade, escancarado, verde limão, birita, luz, artista
nasce desse encontro
beleza que se põe à mesa
ode ao ânus ou boca suja
domingo, 3 de agosto de 2008
PINA BAUSCH
Abaixo as palavras!
escritas, faladas, cantadas....
Ó humanidade que endurece o corpo em movimento conhecido
Sensação adormecida
Sentimento anestesia
Máquina formatada e à serviço
o corpo
não é morada
É
é você
sou eu
podemos nós
o mundo que mostro ao mundo
é falado pelo/ com/ de dentro do corpo
silencia agora a boca
e comece a falar
feche os ouvidos para escutar
escritas, faladas, cantadas....
Ó humanidade que endurece o corpo em movimento conhecido
Sensação adormecida
Sentimento anestesia
Máquina formatada e à serviço
o corpo
não é morada
É
é você
sou eu
podemos nós
o mundo que mostro ao mundo
é falado pelo/ com/ de dentro do corpo
silencia agora a boca
e comece a falar
feche os ouvidos para escutar
EPOPÉIA CARIOCA
Um carioca comum, acorda como num dia qualquer com uma tremenda vontade de comer couve flor. Foi ao mercado Zona Sul e lá encontrou mil frutas e legumes, o que quase o fez desistir da couve flor. Pelo caminho de volta passou pela Floresta da Tijuca quando avista uma chinesa que sedutoramente o convida a um banho de cachoeira. Ele pensa: “eu nasci em Ipanema, sempre freqüentei o Arpoador, com as mulheres lindas... bronzeadas”, mas estava mesmo era “caidaço” pela oriental. Seduzido e excitado deu uma bela comida na japonesa, que nessas alturas tanto faz a nacionalidade. Sabe quem era ela? Fazia parte da banda de uns japas malucos que fazem música brasileira, liderada pelo músico Kasufumi Mikagawa, isso mesmo, caso fume, eu me cagause, ha ha ha, piada péssima mas inevitável. Depois do show levou-a no Nova Capela na Lapa onde comeram rezando bolotas de bacalhau e arroz de brócolis com lula. Difícil mesmo era se comunicarem, mas no que interessa se entendiam bem. Como bom carioca da zona sul, pensou que poderia levá-la a praias diferentes. Foram à Joatinga e à Barra, presenteados com lindos dias azuis. Celeiro dos novos ricos do Rio de Janeiro, Miami é ali! Mas que linda praia, admitamos... Tarde convidativa a um passeio de bicicleta resolveu sozinho voltar à zona sul e andar pelo aterro do Flamengo, já enjoado de comida japonesa. Por falta do que fazer resolveu entrar no MAM e deparou-se com gravuras carioquíssimas sobre os contornos do Rio e de outros lugares do Brasil. A artista é Thereza Miranda. Falando em contornos, quem mesmo os aproveitou foi Niemeyer no MAC de Niterói. Enquadrou todos os cartões postais do Rio na maravilhosa nave flutuante de linhas sensuais, em acervo permanente, que muda de luz com o dia e com a noite. Sabia que lá há muitos amigos. O carioca os encontrou e resolveram ir à Santa Tereza, para onde subiram de bonde, a conjunção que resume o Rio em beleza e degradação, num tempo congelado e atemporal do começo do séc. XX. Opa, surgiu um show no Circo Voador e é pra lá que foram, numa noitada animadérrima. Quando então lembrou que tinha que trabalhar. Quase esquecia....Onde trabalha é em São Paulo, quando tomou a ponte aérea e pensou o quanto lá é uma lugar de gente que às vezes se esquece de se divertir. Sou o carioca protagonista que vos narra esta história do meu alter ego paulista.
SAUDADE
é fiapo de grama no meio do deserto
no calor faz a lembrança da árvore
da sombra que oferece
é assim gosto-cheiro de coisa conhecida
casa de família
bagunça de primo, abraço de irmão
é sensação que acorda
junta o passado no presente
é sensação lá do fundo
que reacende e coloca tudo sobre perdão
dói e afaga
mói e abafa
encolhe e amarga
escorre e aquece
revive e reaviva
gosto de cheiro
cheiro de pele
toque de pelo
voz do apelo
no calor faz a lembrança da árvore
da sombra que oferece
é assim gosto-cheiro de coisa conhecida
casa de família
bagunça de primo, abraço de irmão
é sensação que acorda
junta o passado no presente
é sensação lá do fundo
que reacende e coloca tudo sobre perdão
dói e afaga
mói e abafa
encolhe e amarga
escorre e aquece
revive e reaviva
gosto de cheiro
cheiro de pele
toque de pelo
voz do apelo
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